quarta-feira, 30 de outubro de 2019

CULTURA MAKER NA EDUCAÇÃO



Em meados da década de 90 muitos de nós presenciamos a implantação de laboratórios de informática nas escolas e universidades em decorrência da popularização dos computadores no mercado. Esta iniciativa, iniciada principalmente nas redes privadas de ensino, permitiu que estudantes de várias idades em diferentes níveis educacionais pudessem ter contato com um mundo digital.

Hoje em dia talvez seja obsoleta a proposta de montar laboratórios de informática nas escolas com objetivo ensinar informática básica aos estudantes, tendo em vista que segundo Raabe e Gomes (2018), nossos estudantes já nascem inseridos num universo altamente tecnológico e que desde a primeira fase da infância até os anos finais do ensino fundamental já sabem utilizar alguns artefatos digitais para acessar a internet, fazer pesquisas, jogar, etc. De acordo com os autores, nos últimos anos, uma nova forma de utilizar as tecnologias surgiu através do chamam de “Movimento Maker”.

Para Martinez e Stager (2016) o fundador desse movimento foi Saymour Pappert, educador estadunidense nascido na África do Sul e que teve sua obra fundamentada no Construcionismo, apoiada pelo construtivismo de Jean Piaget (1973). De acordo com os autores, o movimento vai além ao que diz respeito à construção do conhecimento, uma vez que segundo eles acontece de maneira mais efetiva quando os aprendizes estão engajados no desenvolvimento de objetos públicos e compartilháveis.

Ainda dentro do aspecto epistemológico, Filatro e Cavalcanti (2018) nos apontam que tal movimento é embasado por uma perspectiva de aprendizagem ativa ancorada no conceito de aprendizagem experiencial. Segundo as autoras, os sujeitos inseridos no mundo maker participam ativamente dos processos daquilo que tentam desenvolver, no estilo “fazendo com as próprias mãos”.

 O fenômeno maker se expandiu tanto na esfera global que ser visto nos dias de hoje como um tipo de cultura. Os makers (termo utilizado para designar os sujeitos inseridos nessa cultura) tendem a se apropriar de ferramentas e artefatos para a produção de objetos utilizando recursos e modelos digitais, como impressoras 3D, máquinas de corte a laser, etc., para desenvolverem projetos e/ou experimentarem na prática algo que possa aumentar seu desempenho na vida e nos estudos. Porém vale ressaltar que nem sempre são necessários recursos de valor comercial relativamente alto para que um ambiente desse porte se estabeleça.

Analisando por essa ótica, acredito pode ser relevante o fato de integrar a filosofia maker com o currículo nas escolas e universidades, pois ao vivenciá-la, permitimos que os sujeitos envolvidos possam desenvolver habilidades e competências que lhes serão úteis, permitindo-lhes estar mais preparados para enfrentar os desafios do presente e quem sabe do futuro.

Todavia, para que tal movimento seja implantado nas escolas de ensino básico, necessitamos de profissionais que estejam apropriados de técnicas e elementos próprios da cultura maker. Portanto, analisando o cenário atual e percebendo que ainda existe uma carência da implantação espaços destinados a aprendizagem experiencial (típica dessa cultura) nas instituições de ensino básico, podemos pensar que ainda falta aos cursos de licenciatura a implantação da cultura maker em algumas áreas do ensino superior. Talvez um dos motivos seja o mesmo da escola básica: falta de profissionais capacitados.

Uma das ferramentas que podem suprir essa necessidade nas universidades, são os Fab labs, abreviação do termo em inglês Fabrication Laboratories, que remete a laboratórios de fabricação e que podem ser entendidos como espaços de prototipagem de objetos físicos (FILATRO; CAVALCANTI, 2018). De acordo com as autoras, um dos aspectos inovadores desses ambientes é o fato de serem “abertos” a qualquer pessoa que queira utilizá-los, com baixo ou nenhum custo e em horários estabelecidos para serem utilizados. Tais ambientes são elementos originalmente presentes no movimento maker e é perceptível que vêm se multiplicando a cada dia, nos mais variados locais e áreas, como nas corporativas e educacionais.

Eychenne e Neves (2013) nos apontam que esses "laboratórios de fabricação" são parte integrante de um sistema colaborativo global que usa recursos da internet e web 2.0 para compartilhamento de ideias, cooperação, interdisciplinaridade e aprendizagem em função da participação da comunidade. 

Nesse aspecto, pode-se prever que a inserção desses espaços em universidades que oferecem cursos de licenciatura tem potencial para promover aprendizagem através da interação entre professores e alunos dentro da proposta maker, fazendo assim que os futuros docentes estejam capacitados para desenvolver projetos ou inserir essa cultura em suas unidades de ensino objetivando atender a algumas necessidades e anseios dos estudantes do nosso tempo, proporcionando o protagonismo em seu próprio processo aprendizagem a partir da apropriação de algumas competências e habilidades inerentes a cultura do “faça você mesmo”.


Espero que tenham gostado do post de hoje. Aproveite e deixe um comentário sobre o que acha da cultura maker ser implantada na educação.


Abaixo você encontra uma imagem com o link para uma matéria do site ecycle.com, que traz mais detalhes sobre a cultura maker e hiperlinks para produção de alguns materiais e produtos, no melhor jeito "faça você mesmo"!





Um abraço e até breve!



REFERÊNCIAS


EYCHENNE, F.; NEVES, H. Fab lab: a vanguarda da nova revolução industrial. São Paulo: Editorial Fab Lab Brasil, 2013.

FILATRO, A. CAVALCANTI, C. C. Metodologias inov-ativas na educação presencial, a distância e corporativa. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

MARTINEZ, S. L.; Stager, G. Invent to Learn: Making, Thinkering and
Engineering in the Classroom. Constructing Modern Knowledge Press. Torrance, California. 2013.

PIAGET, J. A Epistemologia Genética. 2ª ed. Petrópolis: Rio de Janeiro. Editora Vozes. 1973.

RAABE, André; GOMES, Eduardo Borges. Maker: uma nova abordagem para tecnologia na educação. 2018. Disponível em: https://tecedu.pro.br/wp-content/uploads/2018/09/Art1-vol.26-EdicaoTematicaVIII-Setembro2018.pdf. Acesso em 28/10/2019.

sábado, 26 de outubro de 2019

COMPETÊNCIAS X HABILIDADES



Na educação muito se fala no desenvolvimento de competências e habilidades que precisam ser desenvolvidas junto aos estudantes. No mapa a seguir são mostradas algumas particularidades apresentadas por cada uma delas.(clique na imagem para ampliá-la)


Com o intuito de apresentar outra visão sobre os conceitos de inteligência, competências e habilidades, abaixo apresento um link para um vídeo no youtube do ilustre professor Celso Antunes.







REFERÊNCIAS




ANDREAZZI, F. Base Nacional Comum Curricular: Entenda as competências que são o “fio condutor” da BNCC. 2018. Disponível em: https://sae.digital/base-nacional-comum-curricular-competencias/. Acesso em 26/10/2019.




ANTUNES, C. Inteligências, competências e habilidades. 2017. (4min30s). Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=V0oqZBkMavQ. Acessado em 26/10/2019.

ROBÓTICA EDUCACIONAL



Parece existir em muitas de nossas escolas uma dicotomia entre aquilo que elas ensinam e aquilo que é pertinente de se aprender. Há muito tempo, as instituições escolares em nosso país tem em sua rotina um modelo tradicional de ensino, onde os conteúdos propostos no seu currículo e a transmissão dos mesmos de forma imperativa estão em primeiro plano. Tal modelo (muito provavelmente) não surte efeitos consideráveis, haja vista que estamos em uma era em que a sociedade não mais está organizada como décadas atrás e onde os estudantes vivem experiências que a cada dia se estreitam e se conectam, em decorrência das tecnologias digitais.
Ainda hoje, boa parte dos alunos encontra-se numa posição passiva de seu processo de aprendizagem, o que numa educação moderna, provavelmente isso não surte efeitos positivos. A educação deve servir, então, para contribuir com a liberdade e autonomia dos sujeitos para que sejam protagonistas de sua própria realidade (CAMPOS, 2019). O autor nos aponta que o conhecimento educacional adotado nos currículos escolares precisa incluir um estudo onde o aluno seja capaz de ultrapassar as barreiras do senso comum, atentando para as condições reais de sua existência.
Portanto, o currículo que trata desse conhecimento educacional precisa se fundamentar em um conjunto de fatores e aspectos organizados, em função de objetivos educacionais, valores, atitudes, etc.
Nesse contexto, Campos (2019) nos apresenta a robótica educacional como um recurso que torna o estudante protagonista de seu próprio processo de aprendizagem, articulando conhecimentos, habilidades e valores em espaços não lineares de aprendizagem, além de permitir seu desenvolvimento no âmbito socioemocional. Nela os indivíduos podem desenvolver além de conhecimentos básicos presentes nas disciplinas a capacidade de interação e integração entre os pares, criatividade, liderança, resolução de problemas etc., exigindo assim um espaço pedagógico diferenciado em relação a outras disciplinas. O autor ainda propõe que o professor tem papel fundamental em ambientes que utilizam a robótica educacional, como articulador do currículo e da proposta de emancipação do sujeito em seu processo de aprendizagem. Ele ressalta ainda que dentro do processo de escolarização nem todos aprendem da mesma forma, sendo necessária atenção ao cenário em que a robótica educacional está sendo inserida.
Nessa perspectiva, devemos concordar que a maioria das nossas escolas ainda não dispõe de um currículo que integra a robótica em suas ações. A falta materiais e sujeitos capacitados para implantar a robótica educacional são uma realidade, sendo esses últimos de fundamental importância para mediação desse recurso no processo de ensino e aprendizagem, que requer, dentre outras coisas, técnicas específicas para ser desenvolvido.
No ensino superior, em especial nos cursos de licenciatura, os elementos da robótica educacional também encontram um terreno muito fértil. Os docentes em formação precisam se apropriar de metodologias diversas a fim de diversificarem sua prática e se apropriarem dos benefícios trazidos pelo recurso aqui apresentado. A integração de eixos como ciências, tecnologia e saberes diversos em uma postura interdisciplinar pode, sem dúvida despertar a criatividade tanto em professores e alunos, induzindo-os a se transformarem em personagens ativos nos ambientes escolares contribuindo assim para uma educação que transcende o currículo tradicional e que permite formar os sujeitos para atuarem em sintonia com a sociedade e o mundo contemporâneos.






Texto complementar

Utilizar a robótica como recurso de ensino e aprendizagem pode ser mais simples do que imaginamos. Uma das alternativas encontradas por um colega de profissão foi utilizar materiais oriundos do chamado “lixo eletrônico” e/ou matérias de fácil acesso e baixo custo para dar aulas de robótica na escola em que trabalha. Trata-se de João Paulo Falcão, que é professor de matemática de uma escola municipal na cidade de Viçosa em Alagoas e tem a robótica educacional como aliada do processo de ensino e aprendizagem. Ele administra o perfil do projeto “Robótica Sucational” no Instagram e pode ser acessado através do endereço eletrônico: https://www.instagram.com/roboticasucational/. Lá você pode conferir fotos com do que é desenvolvido no projeto e de sua rotina como professor.

Tá esperando o quê? Vai lá e confere as ideias geniais do João! Talvez sirva de inspiração para inserir a robótica em alguma prática educativa!



REFERÊNCIA


CAMPOS, Flávio Rodrigues. A Robótica para uso Educacional. São Paulo: SENAC, 2019. pg. 80 a 147.

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

PODCAST SOBRE RDE's

         
            Olá! Tudo bem? 
           
            Que tal assistir a um podcast sobre Recursos Digitais Educacionais?
          
           
           Trata-se do último podcast de uma série de 6 capítulos que abordam temas como tecnologias, cultura digital, tecnologias digitais, metodologias ativas e web currículo. 

           
           Se ainda não assistiu os outros capítulos da série, abaixo estão os links dos blogs onde estão disponíveis. Grande abraço e até a próxima!


1° Tecnologias -  https://rdenasescolas.blogspot.com
2° Cultura Digital - https://redegito.blogspot.com/
3° Tecnologias digitais https://tsrde.blogspot.com
4° Metodologias ativas -https://isisrde.blogspot.com/ 
5° Webcurrículo - https://aboutnetworksandanalytics.blogspot.com



Relato de experiência


          O material aqui postado foi produzido a partir de uma atividade em grupos, proposta na disciplina de Recursos Digitais Educacionais e organizada pelo prof Fernando Pimentel. Minha experiência com podcasts começou durante o desenvolvimento de minha pesquisa de mestrado, que tinha como objeto de estudo a gamificação de aulas de biologia dos animais vertebrados no ensino médio. Em uma das etapas de minha pesquisa, os sujeitos envolvidos (estudantes do 2º ano) tinham que, divididos em equipes, elaborarem um podcast com o tema "peixes", abordando características evolutivas, peculiaridades e curiosidades diversas. O resultado foi a criação de alguns materiais muito ricos produzidos pelos estudantes, mostrando o potencial que existe nesse recurso para promover aprendizagem.
           Para produzir o podcast disponibilizado na postagem acima acima, utilizei apenas os recursos disponíveis no momento da atividade: o gravador de voz do meu smartphone, para realizar a gravação do conteúdo e fazer cortes quando necessário e um fundo com áudio do meu laptop. Para tal Procurei no Youtube "áudios para podcasts" e escolhi o fundo musical que achei que daria certo para o arquivo. Para os "efeitos" de aumento de volume (fade in) e diminuição (fade out), aproximei e afastei o gravador do alto falante do computador. Depois de gravados fiz alguns cortes e complementos com o próprio gravador de voz e o mesmo fundo musical. Resumindo: Usei a criatividade!
       Vale ressaltar que existem alguns aplicativos próprios para criação de podcasts e outros recursos mais sofisticados para isso, a exemplo de plataformas e/ou softwares para edição de áudio, equipamentos de gravação como consoles e microfones especiais, porém requerem muito tempo e técnicas específicas para serem manuseados. 
        
           Gostou da dica? Que tal se aventurar na criação de um podcast autoral? Escolha um conteúdo que gosta e vá em frente! 

           Nos encontramos na próxima postagem, ok? Abraço!
      

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

METODOLOGIAS ATIVAS PARA UMA EDUCAÇÃO TRANSFORMADORA


            
            A cada dia, rotineiramente, incontáveis estudantes saem de suas casas com destino à escola e ao chegarem as suas salas de aula, deparam-se com uma cena cansativa e entediante, onde o(a) professor(a) tal disciplina pede que abram os livros didáticos em determinada página para que façam uma leitura compartilhada sobre algum conteúdo que posteriormente será explicado à luz da interpretação do(a) docente...

Sem dúvida, já nos deparamos com esse cenário em alguma etapa de nossas vidas estudantis no passado e ainda no presente esse modelo de aula “pré-histórico” ainda paira sobre nossas escolas. Metodologias dessa natureza não servem para formação de nossos estudantes, uma vez que não os preparam para a vida nos dias de hoje. A Base Curricular Comum (BNCC, 2018) nos orienta a exercitar competências junto com os educandos capazes de melhor prepará-los para a mundo contemporâneo, como capacidade de comunicação, empatia, responsabilidade, colaboração, resiliência entre outras.

Para tanto, nós professores, não podemos abrir mão de desenvolver metodologias que sejam inovadoras e estejam em sintonia com o mundo contemporâneo, capazes de tirar os alunos da posição de meros espectadores e colocá-los num patamar de protagonistas do seu próprio processo de aprendizagem. Essas metodologias são consideradas ativas, pois como nos explica Moran (2017), abordam estratégias de ensino focadas na participação ativa dos alunos na construção de seu processo de aprendizagem, e que, em um mundo conectado e digital, se revelam através de modelos híbridos de ensino apresentando inúmeras combinações.

O papel do professor, de acordo com o autor, é de mediador do processo, uma espécie de “coach” que orienta o aprendizado, acompanhando o desenvolvimento dos alunos e intervindo quando for necessário. 

Mas será que pôr as metodologias ativas em prática nas escolas requer recursos sofisticados? Não necessariamente. O autor nos mostra que esse tipo de abordagem pode ser desenvolvido através de tecnologias simples como a inversão do modelo tradicional de aula, com os alunos realizando pesquisas antes, dando retorno aos professores, para que a partir desse ponto, o docente possa planejar quais são os pontos mais importantes a serem trabalhados com a turma.

Existem ainda outras metodologias ativas que podem sem que haja grandes dificuldades como aprendizagem baseada em projetos, que tem como propósito fazer com que os estudantes aprendam através da resolução de desafios e o Design Thinking que também objetiva a solução de problemas, estimulando a colaboração e a empatia estre os pares.

A figura abaixo tem o objetivo de esclarecer o que se entende por uma abordagem com base nas metodologias ativas.



Enfim, diante de um o mundo cada vez repleto de possibilidades e que está em constante transformação, a implantação das metodologias ativas na educação pode vir a ser a porta de entrada para uma educação transformadora, capaz de lapidar nossos alunos para que se tornem protagonistas de seu próprio aprendizado, gerando assim indivíduos mais seguros de si e capazes de construírem histórias de sucesso.





REFERÊNCIAS



BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Ensino Médio. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2018.

DIESEL, A.; MARCHESAN, M.; MARTINS, S. N. Metodologias ativas de ensino na sala de aula: um olhar de docentes da educação profissional técnica de nível médio. Revista Signos, Lajeado, ano 37, n. 1, 2016.

MORAN, J. Metodologias ativas e modelos híbridos na educação. In: YAEGASHI, S. et al. (Orgs). Novas Tecnologias Digitais: Reflexões sobre mediação, aprendizagem e desenvolvimento. Curitiba: CRV, p.23-35, 2017.

terça-feira, 15 de outubro de 2019

RECURSOS DIGITAIS EDUCACIONAIS, WEB CURRÍCULO E A EDUCAÇÃO DO SÉCULO XXI



Computadores, smartphones, tablets e internet são ferramentas e recursos que, a cada dia, tornam-se cada vez mais importantes no desenvolvimento de nossas atividades. As escolas, tendo em vista esse fenômeno, precisam adaptar-se a essa realidade em busca de inserir em seu currículo as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) como forma de promover uma educação mais inovadora, e próxima das novas gerações.
A internet, aliada aos dispositivos móveis, tem mostrado seu potencial não apenas para encurtar distâncias entre pessoas, mas como integradora do conhecimento, apresentando diversos recursos que podem (e devem) ser aliados dos processos educacionais.
Essas tecnologias permitem as instituições de ensino transcender seus espaços físicos e se incorporar a uma rede de informações mundial com o auxílio da internet, promovendo ambientes virtuais de aprendizagens com potencial para melhorar a qualidade do ensino e se integram aos Recursos Digitais Educacionais (RDE’s). Churchill (2017) nos explica que tais recursos se baseiam em tecnologias que abrangem diversas mídias, com objetivos educacionais e formativos, desenvolvidos com base no aprendizado das pessoas com as mídias em suas atividades cotidianas.
Por isso, pode-se cada vez mais associar esse potencial trazido pelas TDIC e os RDE’s com o currículo das escolas do século XXI e juntá-los numa composição chamada por Almeida (2014) de web currículo. Segundo o autor, essa espécie de currículo se organiza em redes multimodais, hipertextuais e hipermóveis, com possibilidade de incorporar novos conhecimentos e informações e também de estabelecer inter-relações entre as pessoas. Nesse sentido, podemos entender que o modelo antigo de currículo, onde os recursos digitais muitas das vezes não são levados em conta, é algo ultrapassado e aquém da realidade dos nossos estudantes.
Contudo, é notório que existem vários desafios a serem enfrentados no âmbito educacional brasileiro, contudo é inegável o fato de que hoje em dia, as escolas que não inserem na sua prática algum recurso digital com fins pedagógicos estão perdendo grandes oportunidades de promoção da aprendizagem. Porém, precisamos concordar que, muitas vezes, a oportunidade de oferecer tais benefícios esbarra em questões que fogem da alçada das instituições de ensino.
Por fim, fica a reflexão: os cursos de pedagogia e licenciatura estão preparando os futuros professores para trabalharem com recursos digitais educacionais? Será que as escolas públicas brasileiras estão preparadas fisicamente e pedagogicamente para oferecer uma educação voltada para as gerações do século XXI, pautada na cultura digital?





REFERÊNCIAS



ALMEIDA, M. E. B. Integração currículo e tecnologias: concepção e possibilidades de criação  de Web currículos. In: ______; ALVES, R. M., OSB; LEMOS, S. D. V. (Orgs.). Web Currículo: Aprendizagem, pesquisa e conhecimento com uso das tecnologias digitais. Rio de Janeiro: Letra Capital, p. 20-38, 2014.

CHURCHILL, D. Digital Resources for Leaning. Singapore: Springer, 2017.

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

REAL OU VIRTUAL: AFINAL, ONDE NOS ENCONTRAMOS?

           
Ninguém pode contestar o fato de que nos dias de hoje vivemos constantemente rodeados por diversos tipos de tecnologias, sejam elas digitais ou analógicas. Porém, um fato que chama a atenção é o uso cada vez mais frequente da palavra virtual, e que em muitos casos, é usada de maneira equivocada ou errônea.

Mas afinal, o que significa o termo virtual? Será que é oposto ao significado daquilo que é real?

Para tentar elucidar esses questionamentos vamos direcionar nosso foco para conceitos de virtual e real segundo o que propõe Pierre Levy, renomado filósofo francês que apresenta uma profunda reflexão sobre o tema no seu livro "O que é virtual?".

Na sua obra Levy nos aponta que o que é virtual não se opõe ao real, como boa parte das pessoas pressupõe, mas que há uma relação de complementariedade entre ambos os termos. De acordo com a etimologia da palavra, virtual vem de virtus que significa força, potência. Assim, tudo que é virtual existe de forma abstrata, porém ligado a algo que é potencialmente passivo de se tornar real. Um exemplo que o próprio Levy nos apresenta traz a ideia de que uma semente é uma árvore em potencial. Uma semente não é, na realidade, uma árvore, porém tem potencial para se transformar em uma.

O oposto de virtual seria o que é atual. Utilizando o exemplo anterior para explicar esse fato, observamos que a árvore é a semente após efetivada sua potencialidade, ou seja, após o ato de sua transformação.

A virtualidade basicamente se apresenta como um conjunto de tendências à espera de uma concretização mediada por fatores diversos, talvez aleatórios. Sendo assim, o autor nos apresenta uma relação íntima entre o que é virtual e real. Ela nasce da potencialidade que alguma coisa apresenta em se tornar realidade.

A partir dessa concepção podemos entender que o "meio virtual" não se restringe ao uso de tecnologias digitais, com a utilização de computadores e smartphones, mas abrange muito mais que isso. Pensar no que é virtual se confunde com uma série de fenômenos naturais ou não que se baseiam simplesmente em apresentar a capacidade de se materializar no meio físico.

Para Pierre Levy o processo de formação do virtual como algo que nos leva ao processo das significações e que pode ser entendida em pelo menos três sentidos: técnico (ligado à informática), corrente (quando a palavra é usada para significar irrealidade) e filosófico (aquilo que existe em potência e não em ato).

Assim sendo, notamos que embora o senso comum nos aponte um conceito de virtual como algo ligado ao mundo digital, o autor nos explica que tal conceito é mais amplo e que não se limita a ambientes digitais, mas a qualquer um onde exista uma potencialidade de formação de significados.

Abaixo, você pode assistir a um vídeo em que o próprio Levy explica, resumidamente o conceito de virtual.


Espero que tenha gostado da leitura e do vídeo.

Abraço e até a próxima!



REFERÊNCIAS

LEVY, Pierre. O que é virtual? 2 ed. São Paulo: editora 34, 2011.

LEVY, Pierre. O que é virtual? 2013. (2min54s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=sMyokl6YJ5U. Acesso em 02/10/2019.

OS RECURSOS DIGITAIS EDUCACIONAIS



Vivemos em mundo frenético do ponto de vista do surgimento de novas tecnologias, digitais ou analógicas. A cada dia somos surpreendidos por um novo recurso ou tecnologia capaz de nos fazer pensar até onde vão os limites da inventividade humana (se é que existe algum). 

A informática e internet estão tornando nossa vida cada vez mais “conectada” através das redes sociais, plataformas de streaming de áudio e vídeo, sem contar na ampla rede de plataformas de ensino a distância (EAD). Essas e outras ferramentas do mesmo gênero são conhecidas popularmente com recursos digitais e encontram na educação um terreno bastante fértil.

Em minha opinião, os recursos digitais educacionais podem ser entendidos como ‘ferramentas’ capazes de auxiliar o processo de ensino aprendizagem através da interação do aluno com as tecnologias digitais, com potencial para ser empregado de forma colaborativa.

Esses instrumentos podem e devem ser utilizados a fim de diversificar as práticas educativas, promovendo um maior envolvimento dos estudantes do século XXI, os chamados “nativos digitais”. Porém, precisamos refletir sobre como podemos agregar um bom planejamento aos recursos digitais disponíveis em nosso meio e procurar inseri-los adequadamente dentro de nossa prática pedagógica.

No tocante a esse último ponto, penso que é fundamental para os cursos de formação de professores inserirem meios de capacitação e aplicação dos mais variados recursos educacionais como forma de preparar os futuros docentes para um cenário onde as tecnologias digitais estão cada vez mais presentes na vida das pessoas.
           
           Por fim, sabemos que esses recursos por si só não fazem milagres. Precisamos saber utilizá-los de maneira coerente com aquilo que estamos desenvolvendo. Contudo é inegável que no futuro, mais recursos surgirão e precisaremos sempre buscar novas formas de atualização para suas aplicações no meio educacional objetivando uma aprendizagem inovadora, mais próxima das novas gerações. 

Gostou da postagem? Deixe seu comentário sobre a inserção de recursos digitais na educação.

Abraço e até a próxima postagem!

UM MUNDO DE TECNOLOGIAS


Em nosso dia a dia, nos deparamos constantemente com recursos presentes na nossa rotina cada vez mais interativos e conectados entre si, ligados ao mundo eletrônico e/ou digital com possibilidades e potencialidades quase inimagináveis há algumas décadas atrás. Quando fazemos uso de tais recursos, costumamos dizer que “estamos fazendo uso das tecnologias”. Mas, afinal, será que o conceito de tecnologia” é tão restrito?

Segundo Pinto (2008) devemos adotar uma postura mais cautelosa ao utilizar a palavra tecnologia, pois seu conceito vai muito além daquilo que é disseminado pelo senso comum que a coloca como um fenômeno moderno, ligado geralmente ao meio digital. Segundo o autor, podemos entender o conceito de tecnologia a partir de quatro pontos:

·         logos da tecnologia: conjunto de técnicas que todas as pessoas possuem. O autor nos aponta que as tecnologias são fruto não simplesmente de mentes brilhantes, mas de processos históricos coletivos;
·         instrumento de dominação: quem as detém controla a distribuição e produção. No entanto os que se apropriam tem o poder de desenvolver outras formas de tecnologia;
·         ideologia: garante a evolução e a existência do moderno;
·         ciência como epistemologia da técnica: entendida como domínio teórico da técnica, que por sua vez é resultado de pesquisas científicas.

A partir do conceito de tecnologia proposto acima, podemos ainda ampliar nossa concepção sobre o tema incluindo outras formas de tecnologia como as da informação e comunicação (TIC) e as digitais da informação e comunicação (TDIC). Essas formas de tecnologias, embora com títulos bem parecidos e às vezes confundidos entre si, apresentam algumas diferenças.

As TIC podem ser entendidas como a união das telecomunicações, informática e das mídias eletrônicas com potencial para servir como recurso na mediação do processo educacional com um todo (BOHN, 2011).

Pimentel (2015) nos aponta que a principal diferença se revela no fato de que as TDIC se baseiam na utilização de sistemas computacionais com conexão à internet, ou seja, em ambientes digitais podendo apresentar tráfego de mídias, convergência de informações e expansão geográfica, por exemplo, enquanto as TIC se limitam a ambientes analógicos, mais limitados no que diz respeito a esses pontos.

       Para ilustrar melhor o significado de tecnologia e técnica, o colega de curso Davi Gregório elaborou um mapa conceitual sobre o tema no endereço eletrônico: https://rdenasescolas.blogspot.com/. Vale a pena conferir!

Encerro aqui minhas palavras com a convicção de ter apresentado um pensamento mais aprofundado sobre o tema tecnologia, para que possamos entendê-lo de forma mais ampla a fim de nos inteirar sobre o seu significado científico e assim poder perceber e aplicar seus fundamentos com maior propriedade no nosso cotidiano.

Gostou da postagem? Que tal deixar um comentário sobre seu entendimento do que é tecnologia? 

Um grande abraço e até breve!




REFERÊNCIAS


BOHN, C. S; DA LUS, A. M. L.; DA LUZ, S. S. Mídia, gestão do conhecimento e cognição como um guia para uma gestão empreendedora na inclusão social e educação digital. In: Mídia, educação e subjetividade. Florianópolis: Tribo da Ilha, 2010.


PIMENTEL, F. A Aprendizagem das crianças na Cultura Digital. 1ª ed. Maceió: Edufal, 2015.


PINTO, A. V. O conceito de tecnologia. São Paulo: Contraponto, 2008.    v.1.


Rovaris, C.C; Adriano F. O conceito de técnica e tecnologia de Álvaro Pinto. 2018. (8min02s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=uNMMBa9OsHM&t=2s. Acesso em 07/10/2019.