sábado, 26 de outubro de 2019

ROBÓTICA EDUCACIONAL



Parece existir em muitas de nossas escolas uma dicotomia entre aquilo que elas ensinam e aquilo que é pertinente de se aprender. Há muito tempo, as instituições escolares em nosso país tem em sua rotina um modelo tradicional de ensino, onde os conteúdos propostos no seu currículo e a transmissão dos mesmos de forma imperativa estão em primeiro plano. Tal modelo (muito provavelmente) não surte efeitos consideráveis, haja vista que estamos em uma era em que a sociedade não mais está organizada como décadas atrás e onde os estudantes vivem experiências que a cada dia se estreitam e se conectam, em decorrência das tecnologias digitais.
Ainda hoje, boa parte dos alunos encontra-se numa posição passiva de seu processo de aprendizagem, o que numa educação moderna, provavelmente isso não surte efeitos positivos. A educação deve servir, então, para contribuir com a liberdade e autonomia dos sujeitos para que sejam protagonistas de sua própria realidade (CAMPOS, 2019). O autor nos aponta que o conhecimento educacional adotado nos currículos escolares precisa incluir um estudo onde o aluno seja capaz de ultrapassar as barreiras do senso comum, atentando para as condições reais de sua existência.
Portanto, o currículo que trata desse conhecimento educacional precisa se fundamentar em um conjunto de fatores e aspectos organizados, em função de objetivos educacionais, valores, atitudes, etc.
Nesse contexto, Campos (2019) nos apresenta a robótica educacional como um recurso que torna o estudante protagonista de seu próprio processo de aprendizagem, articulando conhecimentos, habilidades e valores em espaços não lineares de aprendizagem, além de permitir seu desenvolvimento no âmbito socioemocional. Nela os indivíduos podem desenvolver além de conhecimentos básicos presentes nas disciplinas a capacidade de interação e integração entre os pares, criatividade, liderança, resolução de problemas etc., exigindo assim um espaço pedagógico diferenciado em relação a outras disciplinas. O autor ainda propõe que o professor tem papel fundamental em ambientes que utilizam a robótica educacional, como articulador do currículo e da proposta de emancipação do sujeito em seu processo de aprendizagem. Ele ressalta ainda que dentro do processo de escolarização nem todos aprendem da mesma forma, sendo necessária atenção ao cenário em que a robótica educacional está sendo inserida.
Nessa perspectiva, devemos concordar que a maioria das nossas escolas ainda não dispõe de um currículo que integra a robótica em suas ações. A falta materiais e sujeitos capacitados para implantar a robótica educacional são uma realidade, sendo esses últimos de fundamental importância para mediação desse recurso no processo de ensino e aprendizagem, que requer, dentre outras coisas, técnicas específicas para ser desenvolvido.
No ensino superior, em especial nos cursos de licenciatura, os elementos da robótica educacional também encontram um terreno muito fértil. Os docentes em formação precisam se apropriar de metodologias diversas a fim de diversificarem sua prática e se apropriarem dos benefícios trazidos pelo recurso aqui apresentado. A integração de eixos como ciências, tecnologia e saberes diversos em uma postura interdisciplinar pode, sem dúvida despertar a criatividade tanto em professores e alunos, induzindo-os a se transformarem em personagens ativos nos ambientes escolares contribuindo assim para uma educação que transcende o currículo tradicional e que permite formar os sujeitos para atuarem em sintonia com a sociedade e o mundo contemporâneos.






Texto complementar

Utilizar a robótica como recurso de ensino e aprendizagem pode ser mais simples do que imaginamos. Uma das alternativas encontradas por um colega de profissão foi utilizar materiais oriundos do chamado “lixo eletrônico” e/ou matérias de fácil acesso e baixo custo para dar aulas de robótica na escola em que trabalha. Trata-se de João Paulo Falcão, que é professor de matemática de uma escola municipal na cidade de Viçosa em Alagoas e tem a robótica educacional como aliada do processo de ensino e aprendizagem. Ele administra o perfil do projeto “Robótica Sucational” no Instagram e pode ser acessado através do endereço eletrônico: https://www.instagram.com/roboticasucational/. Lá você pode conferir fotos com do que é desenvolvido no projeto e de sua rotina como professor.

Tá esperando o quê? Vai lá e confere as ideias geniais do João! Talvez sirva de inspiração para inserir a robótica em alguma prática educativa!



REFERÊNCIA


CAMPOS, Flávio Rodrigues. A Robótica para uso Educacional. São Paulo: SENAC, 2019. pg. 80 a 147.

4 comentários:

  1. Grande Maviael! Agradeço o carinho da menção ao nosso trabalho, valeu mesmo!!!!

    Realmente há inúmeras situações que nos "colocam para trás no labuta diária, mas estas devem servir de inspiração, é mesmo inspiração para seguirmos em frente fazendo sempre o melhor naquilo que temos, parafraseando uma frase de Mário Sérgio Cortella.
    Após o início de nossas aulas é que tive a noção de que a metacognição faz parte do projeto "Robótica sucational", segundo Pimentel, 2017, citou em seu livro Silva L.(2012, p.51) que a metacognição é quando o aprendiz toma consciência de seu próprio conhecimento, sendo apresentada na forma de reflexão e de ação.

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