Parece existir em muitas de
nossas escolas uma dicotomia entre aquilo que elas ensinam e aquilo que é pertinente
de se aprender. Há muito tempo, as instituições escolares em nosso país tem em
sua rotina um modelo tradicional de ensino, onde os conteúdos propostos no seu
currículo e a transmissão dos mesmos de forma imperativa estão em primeiro
plano. Tal modelo (muito provavelmente) não surte efeitos consideráveis, haja
vista que estamos em uma era em que a sociedade não mais está organizada como
décadas atrás e onde os estudantes vivem experiências que a cada dia se estreitam
e se conectam, em decorrência das tecnologias digitais.
Ainda hoje, boa parte dos alunos
encontra-se numa posição passiva de seu processo de aprendizagem, o que numa
educação moderna, provavelmente isso não surte efeitos positivos. A educação
deve servir, então, para contribuir com a liberdade e autonomia dos sujeitos
para que sejam protagonistas de sua própria realidade (CAMPOS, 2019). O autor
nos aponta que o conhecimento educacional adotado nos currículos escolares precisa
incluir um estudo onde o aluno seja capaz de ultrapassar as barreiras do senso
comum, atentando para as condições reais de sua existência.
Portanto, o currículo que trata
desse conhecimento educacional precisa se fundamentar em um conjunto de fatores
e aspectos organizados, em função de objetivos educacionais, valores, atitudes,
etc.
Nesse contexto, Campos (2019)
nos apresenta a robótica educacional como um recurso que torna o estudante
protagonista de seu próprio processo de aprendizagem, articulando conhecimentos,
habilidades e valores em espaços não lineares de aprendizagem, além de permitir
seu desenvolvimento no âmbito socioemocional. Nela os indivíduos podem desenvolver
além de conhecimentos básicos presentes nas disciplinas a capacidade de
interação e integração entre os pares, criatividade, liderança, resolução de
problemas etc., exigindo assim um espaço pedagógico diferenciado em relação a outras
disciplinas. O autor ainda propõe que o professor tem papel fundamental em
ambientes que utilizam a robótica educacional, como articulador do currículo e
da proposta de emancipação do sujeito em seu processo de aprendizagem. Ele ressalta
ainda que dentro do processo de escolarização nem todos aprendem da mesma forma,
sendo necessária atenção ao cenário em que a robótica educacional está sendo
inserida.
Nessa perspectiva, devemos
concordar que a maioria das nossas escolas ainda não dispõe de um currículo que
integra a robótica em suas ações. A falta materiais e sujeitos capacitados para
implantar a robótica educacional são uma realidade, sendo esses últimos de fundamental
importância para mediação desse recurso no processo de ensino e aprendizagem,
que requer, dentre outras coisas, técnicas específicas para ser desenvolvido.
No ensino superior, em especial
nos cursos de licenciatura, os elementos da robótica educacional também
encontram um terreno muito fértil. Os docentes em formação precisam se
apropriar de metodologias diversas a fim de diversificarem sua prática e se
apropriarem dos benefícios trazidos pelo recurso aqui apresentado. A integração
de eixos como ciências, tecnologia e saberes diversos em uma postura
interdisciplinar pode, sem dúvida despertar a criatividade tanto em professores
e alunos, induzindo-os a se transformarem em personagens ativos nos ambientes
escolares contribuindo assim para uma educação que transcende o currículo
tradicional e que permite formar os sujeitos para atuarem em sintonia com a
sociedade e o mundo contemporâneos.
Texto complementar
Utilizar a robótica como recurso
de ensino e aprendizagem pode ser mais simples do que imaginamos. Uma das
alternativas encontradas por um colega de profissão foi utilizar materiais oriundos
do chamado “lixo eletrônico” e/ou matérias de fácil acesso e baixo custo para
dar aulas de robótica na escola em que trabalha. Trata-se de João Paulo Falcão,
que é professor de matemática de uma escola municipal na cidade de Viçosa em
Alagoas e tem a robótica educacional como aliada do processo de ensino e
aprendizagem. Ele administra o perfil do projeto “Robótica Sucational” no Instagram e pode ser acessado através do
endereço eletrônico: https://www.instagram.com/roboticasucational/.
Lá você pode conferir fotos com do que é desenvolvido no projeto e de sua
rotina como professor.
Tá esperando o quê? Vai lá e
confere as ideias geniais do João! Talvez sirva de inspiração para inserir a
robótica em alguma prática educativa!
REFERÊNCIA
CAMPOS, Flávio Rodrigues. A Robótica para uso
Educacional. São Paulo: SENAC, 2019. pg. 80 a 147.
Grande Maviael! Agradeço o carinho da menção ao nosso trabalho, valeu mesmo!!!!
ResponderExcluirRealmente há inúmeras situações que nos "colocam para trás no labuta diária, mas estas devem servir de inspiração, é mesmo inspiração para seguirmos em frente fazendo sempre o melhor naquilo que temos, parafraseando uma frase de Mário Sérgio Cortella.
Após o início de nossas aulas é que tive a noção de que a metacognição faz parte do projeto "Robótica sucational", segundo Pimentel, 2017, citou em seu livro Silva L.(2012, p.51) que a metacognição é quando o aprendiz toma consciência de seu próprio conhecimento, sendo apresentada na forma de reflexão e de ação.
Muito bom João! Precisamos estimular o "aprender a aprender" dos nossos alunos em nossas aulas. Abraço!
ExcluirShow!
ExcluirRetificação: "colocam para trás".
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